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Só tens duas coisas com que te preocupar: se estás vivo ou se estás morto. Se estás morto, não há nada a fazer e por isso não tens com que te preocupar. Se estás vivo só tens duas coisas com que te preocupar: se tens saúde ou se estás doente. Se tens saúde não tens nada com que te preocupar. Se estás doente só tens duas coisas com que te preocupar: se tem cura ou se não tem cura. Se tem cura não tens nada com que te preocupar. Se não tem cura só tens duas coisas com que te preocupar: se quando morreres vais para o céu ou para o inferno. Se fores para o céu não tens nada com que te preocupar. Se fores para o inferno também não porque vão lá estar todos os teus amigos.
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[Lido numa pensão em Florença. Saudades de Itália.]
[Foto: Helen Breznik]
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10 comentários:
bem giro. fez-me lembrar uma coisa que encontrei na parede dum barzinho do recife
Artigo I.
Fica decretado que agora vale a verdade.
que agora vale a vida,
e que de mãos dadas,
trabalharemos todos pela vida verdadeira.
Artigo II.
Fica decretado que todos os dias da semana,
inclusive as terças-feiras mais cinzentas,
têm direito a converter-se em manhãs de domingo.
Artigo III.
Fica decretado que, a partir deste instante,
haverá girassóis em todas as janelas,
que os girassóis terão direito
a abrir-se dentro da sombra;
e que as janelas devem permanecer, o dia inteiro,
abertas para o verde onde cresce a esperança.
Artigo IV.
Fica decretado que o homem
não precisará nunca mais
duvidar do homem.
Que o homem confiará no homem
como a palmeira confia no vento,
como o vento confia no ar,
como o ar confia no campo azul do céu.
Parágrafo Único:
O homem confiará no homem
como um menino confia em outro menino.
Artigo V.
Fica decretado que os homens
estão livres do jugo da mentira.
Nunca mais será preciso usar
a couraça do silêncio
nem a armadura de palavras.
O homem se sentará à mesa
com seu olhar limpo
porque a verdade passará a ser servida
antes da sobremesa.
Artigo VI.
Fica estabelecida, durante dez séculos,
a prática sonhada pelo profeta Isaías,
e o lobo e o cordeiro pastarão juntos
e a comida de ambos terá o mesmo gosto de aurora.
Artigo VII.
Por decreto irrevogável fica estabelecido
o reinado permanente da justiça e da claridade,
e a alegria será uma bandeira generosa
para sempre desfraldada na alma do povo.
Artigo VIII.
Fica decretado que a maior dor
sempre foi e será sempre
não poder dar-se amor a quem se ama
e saber que é a água
que dá à planta o milagre da flor.
Artigo IX.
Fica permitido que o pão de cada dia
tenha no homem o sinal de seu suor.
Mas que sobretudo tenha sempre
o quente sabor da ternura.
Artigo X.
Fica permitido a qualquer pessoa,
a qualquer hora da vida,
o uso do traje branco.
Artigo XI.
Fica decretado, por definição,
que o homem é um animal que ama
e que por isso é belo.
muito mais belo que a estrela da manhã.
Artigo XII.
Decreta-se que nada será obrigado nem proibido.
tudo será permitido,
inclusive brincar com os rinocerontes
e caminhar pelas tardes
com uma imensa begônia na lapela.
Parágrafo único:
Só uma coisa fica proibida:
amar sem amor.
Artigo XIII.
Fica decretado que o dinheiro
não poderá nunca mais comprar
o sol das manhãs vindouras.
Expulso do grande baú do medo,
o dinheiro se transformará em uma espada fraternal
para defender o direito de cantar
e a festa do dia que chegou.
Artigo Final.
Fica proibido o uso da palavra liberdade.
a qual será suprimida dos dicionários
e do pântano enganoso das bocas.
A partir deste instante
a liberdade será algo vivo e transparente
como um fogo ou um rio,
e a sua morada será sempre
o coração do homem.
por falar em paredes, nestes dias tipo mini-ferias vi uma casa de banho girissima
na parede tinha uma gavetinha com o que parecia giz. depois é que percebi que as paredes eram todas de ardosia.
A ideia era estar ali sentadinho e partcipar na grande obra colectiva que eram as paredes do wc. todas cheias de desenhos e escritos
Lindo texto. Linda mensagem. Talvez o sentido da vida seja mesmo levá-la sem preocupações.
tinta, que giro!!!!! vou já copiar e pôr numa parede qualquer para ler nos dias mais cinzentos :) já vi algumas casas de banho dessas. nunca as aproveitei muito bem dada a minha manifesta falta de jeito para o desenho e a minha vergonha em escrever o que quer que seja num lugar tão público e tão íntimo ao mesmo tempo... sempre achei que não estava à altura :)))
diana, se não é esse o sentido, deveria ser. eu tenciono, pelo menos vou esforçar-me todos os dias, viver assim.
às vezes numa vida morta...
um bjo
adorei ... :) final estupendo!
sim, o final é o mais divertido :) *
as velas ardem até ao fim, em Itália não... :) *
Fabuloso!
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:) *
magnífico, andreia*
saudades, nina*
:) saudades também, menina bonita.
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